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Inolvidável

Delicadeza e mistério acompanhavam um rosto exuberante e invulgar que me cativou desde a primeira imagem que guardei dele. Dei por mim rendida, porém contida, na sua beleza e diferença. Olhares que se cruzavam pela primeira vez, acompanhados pela genuinidade das palavras que ganhavam força e harmonia entre nós, como uma orquestra crescente de sons inolvidável. O "Sol Negro" já tinha partido e fiquei abrigada em ti, confortavelmente, ao encontro do desconhecido. Rapidamente me encontrei. Rapidamente nos encontramos. E partimos numa viagem aliciante, até ao meu partir definitivo. Acompanhaste-me até onde os nossos caminhos se separariam, temporariamente, com a promessa de que te procuraria pela tua poesia. Não te disse, mas levei-te comigo para o meu sono (desperto) e pensamento, e deixei-te tomar conta dele(s).  Procurei-te pelas doces e negras palavras tuas, como prometido, e encontrei-te(me), (outra vez), a essência do teu eu. Foi a continuação da viagem. Não t
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Eco(s)

Vou no comboio, olho pela janela (antes de voltar à aventura que está a ser "Se Numa Noite de Inverno Um Viajante") e sou acompanhada pelo pôr-do-sol que intensifica a nostalgia que se havia instalado em mim, desde o momento em que subi o primeiro degrau da carruagem. Esqueço-me (ah! maldita nostalgia!) de colocar os auriculares nos ouvidos, aqueles que fazem a minha "viagem"... Erro crasso da minha parte... Ouço as pessoas... O suficiente para reparar que muitos de nós podíamos ser definidos como uma bela cambada de cabotinos. Oh, bela... Realmente, a estética é um tanto sobrevalorizada, ora esquece-se do conteúdo, esquece-se do verdadeiro, e esquece-se, sobretudo, da educação. Somos mesmo pobres de espírito, pobres de alma... Gostamos de nos mostrar os maiores da nossa aldeia (pena essa aldeia estar cingida ao espaço que ocupa o nosso tão querido vício da banalidade) e gostamos de nos mostrar, em primeiro, para os outros. Gostamos muito de multidões. Gostamos m

NOITES DE AGOSTO

"O que falta descobrir em cada um de nós está possivelmente nos outros naqueles que amamos, que estão ao nosso lado, no filho que agora mesmo passeia na praia, nos castelos de areia que desde cedo construímos quando o sol aquece todos os sonhos de infância. Agora, o mar lembra na sua cadência o ritmo mais certo das coisas, as certezas e a vida ensina-nos a ser cautelosos, prudentes ou, pelo menos, a tentar ver mais longe, procurando estar perdidos no tempo como uma criança em férias de Verão. Mais logo a noite virá, uma noite de Agosto e com ela o silêncio das estrelas que nos esmaga e nos coloca no ponto mais minúsculo do universo. Que importam as feridas do dia ou uma grandiosidade perante o peso da noite, da lua, ou daqueles de quem nos deitamos por perto? A noite, sempre que a desbravamos, torna-nos simultaneamente fracos e corajosos como nunca e revela-nos, quando menos queremos, uma parte inteira, tão p

Passageiro

Em 2006, Ken Robinson, especialista em educação, inovação e recursos humanos, abordou, numa conferência verdadeiramente extraordinária e inspiradora, a educação e como as escolas matam a criatividade. No núcleo da questão, propôs que o sistema educativo adoptasse outro tipo de posição em relação à arte e à criatividade - “A criatividade é tão importante na educação como a literacia, e devemos tratá-la ao mesmo nível”. Com isto, parto para a minha ideia principal, o que me levou a escrever este texto (na verdade foi o David e desde já agradeço-lhe por isso). Vivemos na era do conhecimento, onde a informação é cada vez maior e a organização desta essencial. Todos temos opiniões acerca do que nos é dado. Todos pensamos “isto” e “aquilo” sobre alguma coisa. Todos temos formas diferentes de ver o mundo. Eu penso que, no ponto em que nos encontrámos, a inteligência e criatividade humanas atingem dimensões gigantescas e são mais do que importantes para o sucesso. A todos os níveis. Pen

Memórias

Entre inúmeras inutilidades encontrei, inesperadamente, algo que me deixou sob o domínio de algumas memórias. "Pois vens Sais e não te despedes Chegas e nada dizes Existes? Para quem? Para mim? Olha aquela árvore E pensa naquele dia 5400 segundos sentado à tua espera De nada servem, Não apareces e desapareces Talvez por puro esquecimento outrora pela beleza da timidez, nunca pela verdade de gostar procurar e encontrar . Assim, desisto de ti de tudo Perco tempo em vão Não assiste o meu pensar esconde-se pela ideia de amar quem nunca me amou. " Por J.

Prodígio!

Desolado, isento, a beleza e a verdade cobertas por silêncios incertos mas promissores. Transido de medo - lento e hesitante -, A lutar quase que com uma incitante orquestra crescente de dúvidas, - numa busca incessante. A opressão da presença numa multidão trivial, ou pelo menos, assim o aparentava ser. Presente e ausente, para onde vai ninguém sabe. A linha do horizonte abrigava progressivamente o sol, deixando para trás o doce sabor de uma brisa possante, profunda e inconstante, a qual percorria a imensa estrada de pó onde estavas caído e gritavas silenciosamente por algo ou alguém. Estava hesitante, ansiosa, mas certa e resoluta ! E assim, sentes o toque da minha mão quente na tua gelada, - interminável, afável! - tão forte como se fosse o de uma última vez...E talvez fosse... Era estonteante a maneira como estimavas as palavras! O silêncio tornou-se no mais belo diálogo que já tivéramos, nas mais belas e doces palavras que disséramos, que sentíramos ! Tentava travar a angú

Existir para não morrer

Existir para não morrer, neste tédio de horas infinitas destinadas. Negro olhar de solidão, preso agora, nesta alma ingénua formada à sombra da ilusão. - Oh doce noite eterna, leva a minha ofegante e irreprimível vontade de nada... Embala-me nos teus braços. - Sinto-me inútil como um clone monótono e aborrecido antes de extinto. Recuso-me à aceitação desta permanente solidão e sentir a dor de se ser só para sempre. Recuso-me a assistir à minha própria destruição. Agora, tudo o que resta é o peso de uma existência onde presenciam todos os olhares esquecidos, gritos que se cobrem de silêncio e caem no esquecimento duma maneira tão óbvia como as cinzas que um dia foram fogo. Palavras! Palavras que são puramente metáforas da violência, palavras que num ritmo inevitavelmente irrefutável e irrefreável são esquecidas. - Oh doce noite eterna, não tornes a minha necessidade de morrer uma impossibilidade. Embala o meu espírito delicadamente, pois eu, não quero... existir mais! Eu irei cingir, e